Sérgio Barroso

Da estética e da ética do urbanismo neoliberal: uma revisitação do processo de regeneração urbana em Tomar

Na primeira década do século XXI, a cidade de Tomar, a par das principais cidades portuguesas, beneficiou de um amplo processo de regeneração urbana, financiado pela Política de Coesão Europeia. O Programa Polis, primeiro, e as Parcerias para a Regeneração Urbana, num segundo momento, contribuíram para a reabilitação de edifícios inativos, para a requalificação de espaços públicos e para o engrandecimento da relação da cidade com o rio. Mas se, por um lado, as intervenções procuraram encontrar no espírito o lugar as bases para uma regeneração do território fiel à força de uma secular cultura urbanística local, por outro lado, dos critérios de financiamento às referências de planos e projetos, sobreveio uma conceção contemporânea de intervenção urbana, manifestamente fundada numa ética e numa estética neoliberal. A revisitação e releitura deste processo tornam agora evidente contradições e insuficiências, mas também inevitabilidades e oportunidades por cumprir.       

 

Nota biográfica 

Geógrafo e Urbanista, Mestre em Planeamento Regional e Urbano, pela Universidade Técnica de Lisboa, Diretor do Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano (CEDRU), desde 2001, e especialista nas áreas do ordenamento do território, planeamento urbano e estratégico e avaliação de programas e políticas públicas.

Coordenou a elaboração dos planos e programas de ordenamento da orla costeira da ilha do Faial, Ovar-Marinha Grande e Alcobaça-Cabo Espichel e dos planos das bacias hidrográficas de lagoas nas Ilhas do Pico e de São Miguel. Foi ainda coordenador do sistema urbano, habitação e equipamentos, na alteração do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa.

No quadro das políticas urbanas e do planeamento estratégico, coordenou a elaboração de programas de desenvolvimento urbano e reabilitação de cidades, como a Amadora, Alenquer, Barreiro, Bombarral, Castelo Branco, Guarda, Seia, Tomar e Trancoso, e foi o responsável técnico pelo Programa Estratégico Mosteiros Portugueses Património da Humanidade.

Tem vasta experiência na avaliação de programas e instrumentos de política pública, implementados nos últimos quatro ciclos de fundos comunitários de apoio, tendo sido o coordenador da avaliação do “Contributo do QREN para a inclusão social de indivíduos residentes em territórios urbanos problemáticos”, premiada pela Comissão Europeia como uma das melhores práticas de avaliação europeia, entre 2007 e 2013.

 

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