A Estética na Ciência
Fernando Pessoa, sob o heterónimo de Álvaro de Campos, escreveu em 1935 um poema sobre a relação entre a ciência e a arte: "O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. / O que há é pouca gente para dar por isso". Esta separação é o famoso problema das “duas culturas", notada pelo cientista e romancista inglês Charles Snow. No entanto, a descoberta científica é muitas vezes guiada por critérios estéticos. De facto, há uma associação estreita entre o verdadeiro e o belo sumariada num poema do poeta inglês John Keats: "O verdadeiro é o belo / E o belo é verdadeiro/ E isto é tudo o que precisamos de saber.". O físico inglês Paul Dirac, um dos criadores da teoria quântica, afirmou: "É mais importante ter beleza nas suas equações do que tê-las de acordo com a experiência." O seu colega alemão Hermann Weyl concordou: "O meu trabalho sempre tentou unir o verdadeiro e o belo, mas quando tive de escolher entre um e outro, escolhi normalmente o belo." Para descobrir tanto o verdadeiro como o belo a imaginação é um meio essencial. Ela é um recurso tanto do artista como do cientista.
Nota biográfica
Nascido em Lisboa em 1956, é Professor Catedrático de Física da Universidade de Coimbra (UC). Licenciou-se em Física em Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica em Frankfurt am Main, Alemanha, em 1982. Publicou cerca de 60 livros, entre os quais Física Divertida e A Ciência e os seus Inimigos, etc. (Gradiva, o último com David Marçal); manuais de Física e Química (Texto Editores); História da Ciência em Portugal (Arranha Céus, 2014); Biblioteca Joanina (Imprensa da UC, 2014, com Paulo Mendes) e, em Os Jesuítas. Construtores da Globalização (CTT, 2016, com José Eduardo Franco). Codirige com José Eduardo Franco as Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa (Círculo de Leitores, 2017) e dirige a colecção Ciência Aberta da Gradiva. É colaborador dos jornais Público e As Letras entre as Artes. É responsável pelo blogue De Rerum Natura. Tem investigado Física da Matéria Condensada e História das Ciências. É autor de mais de 160 artigos científicos, um dos quais com mais de 13.000 citações (o mais citado de sempre de autor em Portugal), e de centenas de artigos pedagógicos e de divulgação. Coordenou vários projectos de investigação e supervisionou duas dezenas de estudantes de pós-graduação. Dirigiu a revista Gazeta de Física. Foi Director do Centro de Física Computacional da UC, onde instalou o maior computador nacional para cálculo científico, e da Biblioteca Geral da UC, onde concretizou vários projectos relativos ao livro e leitura. Presidiu ao Conselho Científico do European Physics Journal. Foi consultor de programas de ciência para a SIC e RTP e do Museu de Ciência da UC. Foi o responsável pela área do Conhecimento da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Dirige o Rómulo – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. É co-fundador e gestor da empresa Coimbra Genomics.
Ganhou em 2004 o Globo de Ouro em Ciência da SIC, em 2005 o Prémio Inovação do Forum III Milénio e em 2006 o Prémio Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora e em 2017 o Grande Prémio Ciência Viva – Montepio. Recebeu a Ordem do Infante D. Henrique em 2005. Departamento e Centro de Física da Universidade de Coimbra